#2 - Pequena Gigante

Pequena Gigante

No sentido só dela corria mais veloz que os maiores do 8°

Com 10 anos por onde vai andar? Com quem vai brigar?

Cabelo nos olhos desde bebê, no dia que incomodou ela mesma cortou a franja em tigela

Combinou mais que corte de salão. A tia riu só de tonta

Escalava do chão á careca, o quase pai que a jogava pra cima

Levantava o próprio peso em posição de barra

Sabia xingar mais pesado que um comportado do ensino médio

Mandavam ficar em silencio quando via um lindo pardal 

Não sabia o que era silêncio

Perdeu seus presentes de direito por decreto injusto

Com 15 anos o que vai querer? O que vai sonhar?

Trazia agua pro careca depois de cansá-lo na corrida

Escalava mais uma vez pela rotina

Na hora de ir embora fugia da mãe. Ninguém alcançava

Sonic e Homem Aranha eram ídolos de fato

Pedia casa pro careca de coração partido

Se mudou pro maranhão porque queriam consertá-la

Com 20 anos o que terá feito? Com quem estará rindo? 

O que terá peso em seus dias?

O careca choroso abraçou forte

Sem saber se teria notícias daquela vida

Daquela pequena gigante

Textinho:

Essa música é um desabafo sincero sobre o que senti depois de ver a vida de uma menina de 7 anos com quem trabalhei em um Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. A convivência com essa e as outras crianças me fez repensar o papel e a conexão que um educador social pode ter na vida de qualquer atendido. Seguindo o trabalho e a função ao mesmo tempo que preocupado com o futuro de quem conhece pelo caminho. A emoção da memória e as dúvidas sobre o futuro deles aceleraram o processo de produção da música. E fica aqui registrada a preocupação de alguém que tentou o que podia e mesmo assim se perguntará ao longo do tempo como estarão vivendo aqueles que o cativaram.

Ficha Técnica:

Voz, guitarra, sintetizador e composição: Gustavo Kudo

Produção: João Luiz da Paz

Engenharia de som: Esmeralda Gabriela

Cartaz da capa: Rodrigo Motta

Fotografia do pássaro mascote da parada toda: Edson Endrigo