
Por que começar desafinado?
fev 3
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Simplesmente porque é o começo.
De uma forma convicta, eu vou tentar fazer minha trajetória teimosa de evolução na música a mais fidedigna com a realidade que aparecer para mim. Mesmo que seja dar um tiro no meu próprio pé, tentando fazer tudo na contramão.
Não existe uma desculpa para eu não me encaixar, mas um motivo talvez seja eu não querer para mim o hábito de se polir tudo até brilhar em perfeição ou na "imperfeição perfeitamente aceitável". (As duas cada vez menos humanas sonoramente)
Quem pretende viver de música em geral encontra barreiras em seu caminho, e desde sempre tecnologias ajudaram com soluções. Desde a invenção do piano, até acelerar músicas para uma "sensação mais dançante", o auto tune, correção de pitch, quantização. Novidades que não são de jeito nenhum horripilantes ou abomináveis. Tem suas funções muitas vezes necessárias. Mas que acumuladas com o tempo desaguaram na corrida pelo som mais agradável e asséptico de hoje em dia.
As partes mais próximas e tocantes que eram as letras e as composições em si viraram acessórios reutilizáveis.
O que toca por aí está tendo que ser perfeito ou o "imperfeito perfeitamente aceitável" dentro de sonoridades que não se alcançam sem programas de computador específicos ou histórias de vida lapidadas para venderem cada estilo ou gênero musical.
Quem sonha em se expressar musicalmente acaba não se permitindo ser teimosa e prosseguir.
Ao mesmo tempo surge naturalmente por aí a vontade de expressar em música o que toca como sentimentos dentro de cada indivíduo. Essa vontade em muitos é reprimida como impossível, custosa e como algo que dependeria de talento intato para acontecer. O que com certeza absoluta não é verdade para se fazer música.
Só é uma afirmação muito repetida para justificar não começar um caminho que com certeza é gratificante, mas também muito trabalhoso.
Pessoas desistem de prosseguir ao mesmo tempo que outras são felizmente teimosas (eu inclusive), e se dedicam como podem, com os níveis de instrução musical que conseguem. Enfrentando as limitações inevitáveis que surgem na realidade particular de cada um. No meu caso uma longa fase de saúde mental turbulenta. Que não impediu que eu sonhasse com música, mas que impediu sim que eu me preparasse para viver de música na realidade prática da coisa. O que agora eu faço com mais maturidade, me guiando entre as possibilidades.
O ponto final da ideia desse texto é incentivar a teimosia saudável que qualquer pessoa cogite ter, para meter a cara e estudar, ouvir, tocar, cantar e fazer música.
Tente, porque justamente, é só o começo.

é isso aí, Gutão! começar porque é o que amamos, é a nossa oportunidade de viver e aprender com as imperfeições que a vida nos oferece!